Wednesday, December 13, 2006

RASCUNHO DO QUE COMECEI A ESCREVER

Ela então saiu assim, semi-nua e molhada, uma deusa... Seu corpo embebe-felpuda, uma toalha roxa, outra branca cobria-lhe os cabelos feito turbante. E resolveu então de passar um creme por suas pernas, pêlos douros, insana e santa, sacra e sacrilégio. Era minha irmã e tinha um pouco mais de dez... Já tinha vinte e tinha sido eu o criador de seu batizado nome: Elizabete; deste jeitinho, abrasileirado, nome puto... Tinha olhos nefastos, cor de brasa, tentação. E impunha um olhar tão vadio para a idade, olhar que tentava, olhar de tentar suicídio, de induzir chacinas, olhar moreno num corpo vaporoso, seus ainda mamilos em flor, um seio do dêmonio !!! Duas pequenas pontas quaisquer, duas espadas a imacular minha alma indócil. Tinha vinte, repito. E jovens de vinte mal ejaculam, jovens de vinte mal vivem ! (...)

"A vida passa, passando... O mundo girando e eu não percebo. Eu espero e estaciono: nada aciono. Nem o que virá, nem o siga, nem nada. Cobiço a vida de outros. Quem me dera um novo cérebro, uma outra persona, outras divagações... Não penso mais em Manuela, contudo não penso mais em ninguém. Isto vale ? Aliás, o que vale na real ? A vida passa passando ! Ando e ando, não há caminhos. Então caminho por trilhas que parecem tão obtusas. Lá, a pedra e o coelho fujão da Alice... Já é tarde. Tardo e retardo madrugadas: de quê me adianta o "pingolim" devastado se não há boca para chupá-lo ?! "Eu cansei de ser assim...", a doce declamação do Camelo..."

(Extraído do meu "Pequenos pensamentos de quem pensa pequeno" (Título: "Vinte e poucos anos de solidão", de 27/05), espécie de diário-confidente que mantenho desde auréos tempos sofrivéis...)


Matheus -- Teu